Detentas criam marca para trabalhos manuais
Um projeto implantado em São Gabriel do Oeste, no final de julho, já demonstrou que a ressocialização de presas na comarca é possível e pode gerar resultados surpreendentes. Detentas estão produzindo artesanato para venda e arrecadação de verbas para sua manutenção.
Segundo a juíza Samantha Ferreira Barione, da 1ª Vara, o projeto Ateliê D'Cela surgiu da necessidade de se criar vagas de trabalho dentro do Estabelecimento Penal Feminino de São Gabriel do Oeste.
“Como o espaço físico no presídio é pequeno para a instalação de uma fábrica surgiu a ideia de montar um ateliê de artesanato, já que não é necessário muito espaço nem grande investimento para começar. Além disso, muitas presas participaram de cursos de artesanato e já executavam trabalhos manuais, como crochê”, explicou a juíza.
Como já existem muitos produtos desse tipo no mercado, surgiu a idéia de criar uma identidade para esses trabalhos manuais e o fato de serem feitos dentro presídio agregasse valor. Assim, criou-se a marca Ateliê D'Cela e, apartir disso, começou o desenvolvimento da linhas de produtos que sejam simples , acessíveis e úteis.
A juíza salienta que a proposta já existia há algum tempo, porém, com a reestruturação do Conselho da Comunidade de São Gabriel do Oeste foi possível colocar em prática as ideias. “Inicialmente estão envolvidas no projeto cinco reeducandas do regime fechado e semiaberto e estamos tratando o ateliê como uma pequena empresa”, acrescentou Samantha.
Mas a intenção é ampliar o projeto e, para isso, as detentas têm aulas, ora ministradas por voluntários, ora por profissionais contratados pelo Conselho. Além disso serão realizadas periodicamente palestras e workshops sobre empreendedorismo, saúde, cidadania, enfim, temas que agreguem valor ao aprendizado e ao produto.
Samantha ressaltou que a iniciativa tem por fim proporcionar vagas de trabalho remunerado dentro do regime fechado, viabilizar a remição de pena, preparar as reeducandas para reingresso no mercado formal de trabalho e despertar a sociedade para o caráter ressocializado da pena.
“As pessoas têm a imagem de que nada de bom pode sair de um estabelecimento penal. Frequentemente ouço falar que presídio " é fábrica de fazer bandido". Entretanto, é possível driblar as mudanças, as reviravoltas, e produzir coisas boas dentro do sistema , especialmente quando há união de esforços. Estamos começando, experimentando, mas tenho fé que vai dar certo”, concluiu a juíza.
O lançamento foi na festa do leitão do rolete, com venda ao público dos trabalhos artesanais. E para ampliar a divulgação do Ateliê D'Cela, criou-se uma página do facebook, permitindo a exposição do material e incentivando sua venda. Para apreciar os produtos, basta clicar www.facebook.com/DCela. Pedidos e encomendas podem ser feitos pelo Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..