Mulher: sensibilidade e coragem na magistratura
No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, a AMAMSUL deseja mostrar que o conceito de sexo frágil não existe mais, pois a mulher tornou-se o sexo forte. Definitivamente, classificar a mulher de sexo frágil é um grande equívoco, pois ela, com extrema competência, cultiva a sabedoria e a delicadeza, enquanto transforma a vida em algo suave e encantador.
Como classificar de frágil alguém que, com maestria e ternura, cuida de tantos afazeres familiares e ainda se destaca na vida profissional? Infelizmente, a mulher ainda enfrenta discriminações da sociedade, porém, enganam-se os que pensam que a mulher é frágil: o que ela tem é sensibilidade e coragem e suas histórias de vida mostram isso claramente.
Esse é a caso da juíza Jacqueline Machado, titular da 3ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, da Capital, conhecida como Vara de Medidas Protetivas.
Designada para responder pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, na gestão 2017/2018, ela preparou uma campanha que foi lançada pelo Poder Judiciário nesta segunda-feira (6): a campanha Mulher Brasileira, uma proposta que engloba diversas ações em prol da mulher e contra toda forma de violência doméstica.
As ações serão desenvolvidas ao longo do ano, visando debater a necessidade de uma mudança de cultura. A intenção é informar a sociedade sobre os crimes cometidos contra a mulher, as formas de se buscar ajuda, fomentar a cultura da paz, resultando em uma verdadeira transformação da triste realidade ainda existente no país.
Com apenas um ano judicando em Campo Grande, ela já é conhecida como juíza “durona” pelos agressores das mulheres que passam pela vara na Casa de Mulher Brasileira. Em 2016, além de cuidar das vítimas de violência, com justas decisões, ela ministrou palestras em escolas, participou de ações de conscientização, enfim, envolveu-se em diferentes atividades, sem nunca deixar de cuidar da família.
Dinâmica, até março de 2016 ela judicou em Nova Andradina em uma vara que abrangia família, violência contra a mulher e infância. “Pretendemos fazer trabalho preventivo, pois é necessário combater essa violência de gênero não apenas por meio de ação repressiva, mas também por projetos e ações que deem visibilidade para este tipo de violência e que consigam auxiliar na mudança da cultura machista, tão presente no mundo”, explicou.
Mãe de duas filhas, ela tornou-se exemplo de sensibilidade e teve sua história divulgada em um site de notícias de grande alcance no ano passado. Em 2012, sua única filha tinha sete anos e queria muito uma irmã. Ela e o marido desejavam aumentar a família.
Assim, trabalhando na área da infância, Jacqueline percebeu que não precisava gestar para dar à luz. Tudo o que tinha que fazer era preencher a papelada e aguardar o "nascimento". Ela relata que não via a necessidade de gerar se havia tanta criança a espera de uma família. O marido e a filha pensavam da mesma forma. “Não importava de que forma a criança ia chegar na nossa vida", contou.
Como qualquer casal pretendente à adoção, eles fizeram o curso de preparação, inscreveram-se na Vara da Infância e levaram adiante o processo. Por se tratar de uma adoção interracial, o tempo entre a habilitação e a chegada dá filha não passou de seis meses. E foi assim que Mariana chegou, com dois meses e meio de vida, sem nem passar uma noite sequer no abrigo.
“Por ter convivido e entendido o que é adoção, sabia que é possível a gente amar de forma incondicional, independente do sangue. Você não gera biologicamente, mas gera o jeito, os valores e o caráter de um filho adotado”, enfatiza.