Final do Cozinha e Voz emociona juíza e formandas
Emoção do começo ao fim e oportunidade de realização pessoal resumem a cerimônia de formatura das 19 mulheres que completaram o curso de expressão e de auxiliar de cozinha do projeto “Cozinha e Voz”. O evento foi realizado na Capital, no Senac Gastronomia e Turismo, com a participação da idealizadora do projeto, a chef Paola Carosella.
Quatro participantes foram escolhidas para trabalhar no Senac e as restantes farão entrevistas de emprego para atuar em bares e restaurantes de Campo Grande. Antes da solenidade de formatura, a juíza Jacqueline Machado, Coordenadora Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar de MS, e a chef reuniram-se com empresários para explicar o projeto e sensibilizá-los a disponibilizarem oportunidades de empregos para as mulheres.
Destaque-se que o projeto Cozinha e Voz visa capacitar mulheres vítimas de violência doméstica e algumas que cumprem pena no ofício de assistente de cozinha. Vinte mulheres foram escolhidas e 19 concluíram o curso, que começou com uma oficina de poesia para motivação e melhora da expressão. Na segunda fase, elas aprenderam técnicas básicas de gastronomia.
A juíza agradeceu ao presidente do TJMS, Des. Divoncir Schreiner Maran, pelo apoio irrestrito aos projetos da Coordenadoria da Mulher e elogiou a turma do primeiro projeto Cozinha e Voz, por serem mulheres guerreiras.
“Essa turma é incrível, porque enfrentou muitas barreiras. Sei o que é trabalhar com mulheres que todos os dias vivem oprimidas pela violência, vivem sem oportunidade. Queremos que as pessoas enxerguem vocês porque vocês, têm muito potencial. E eu acredito em vocês”, elogiou Jacqueline.
A chef ressaltou aos empresários que estas mulheres precisam apenas de oportunidade de mostrar seu trabalho e que as parcerias são responsáveis pelo surgimento das oportunidades. “O projeto leva a minha assinatura, mas não poderia existir sem os parceiros. Teria sido impossível fazer este projeto aqui sem o TJMS, porque o público é de mulheres encarceradas e de vítimas de violência doméstica”, agradeceu Paola.
Segundo o diretor regional do Senac, Vitor Mello, foi um prazer para a instituição participar do projeto Cozinha e Voz. “Toda formatura é um momento importante, mas confesso que eu nunca tinha sentindo o que eu estou sentindo agora. A gente vê que a educação, junto com o amor, é capaz de transformar muitos problemas em solução”, disse.
No começo da formatura cada participante declamou um poema. Poetas e poetisas como Elisa Lucinda, Adélia Prado e Mário Quintana foram lembrados. Houve poema em espanhol e até na língua indígena guarani-kaiowá. Este foi considerado pelos presentes como um dos momentos mais emocionantes da cerimônia.
A Mayara Tatiane da Silva, 32 anos, que está usando tornozeleira eletrônica porque cumpre pena, conta que faz parte do grupo de pessoas invisíveis para a sociedade. “Nunca pensei que eu iria participar de um projeto como este. Nós somos os que não são vistos na sociedade. O que falta é oportunidade para sermos pessoas melhores e para não cometermos erros novamente. E foi isso que eu encontrei aqui”, disse ela emocionada.