Conheça a Coordenadora de Infância e Juventude de MS
“Meu nome é Elizabete Anache. Sou desembargadora do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, atuo na 1ª Câmara Criminal e, recém-nomeada, fui designada também cumulativamente, sem prejuízo das minhas funções, para atuar como Coordenadora da Infância e da Juventude no Estado”.
Com essa apresentação concisa, a Desa Elizabete Anache recebeu a equipe da Secretaria de Comunicação do TJMS para falar sobre as novas atribuições que desempenhará no biênio 2019/2020.
Secom - Com foi o convite para responder pela CIJ?
Desa Elizabete Anache - O convite me surpreendeu, de uma certa forma, em razão de imaginar que, por estar chegando ao Tribunal de Justiça, teria que aguardar um pouco mais para assumir qualquer função extra. Talvez pela minha paixão pela causa da infância e juventude, meu nome tenha sido lembrado. E eu sempre me disponho a trabalhar pela causas que o TJMS precise, assim, dispus-me a assumir esse cargo, embora estivesse há alguns anos afastada da área.
Secom – Quais são os planos agora?
Desa Elizabete Anache - Estou ainda conhecendo de perto o trabalho da Coordenadoria, do qual eu só havia acompanhado à distância, como todos os outros magistrados. Tive contato com a diretora da CIJ, conheci alguns dos servidores que trabalham lá, e me agradou muito a qualidade dos serviços que são prestados: justiça restaurativa é um projeto maravilhoso, depoimento especial, enfim temos ali projetos fantásticos.
O plano é manter o que já existe e é muito bom - inclusive nossa Coordenadoria foi agraciada com o Selo Ouro, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Acredito que devemos manter esses projetos, com bom atendimento, e talvez com algum aperfeiçoamento, se necessário.
Acredito no diálogo com outros colegas, que atuam na área da infância e juventude e tem convivência diária com assuntos. Eles podem nos trazer os pleitos, as demandas que estão mais prementes e poderemos implementar novos projetos. De imediato, estou em tratativas com a Coordenadora da Mulher, juíza Jacqueline Machado, para fazer algo conjunto entre as duas coordenadorias, envolvendo os crianças, filhos das mulheres submetidas à situação de violência doméstica. Esse é um projeto que provavelmente conseguiremos implantar.
Secom – Pretende reunir-se com os juízes da infância? Já recebeu alguma manifestação desses juízes?
Desa Elizabete Anache – Com a tecnologia disponibilizada nos dias de hoje, nosso contato é online. Temos um grupo de whatsapp e já iniciamos algumas conversas. Estamos todos abertos para esse diálogo constante e permanente. Tenho mantido conversas, até bem longas, com colegas que se ofereceram para auxiliar, e essa receptividade me deixou muito feliz. Penso que, com esse tipo de atuação, conseguiremos resultados melhores. Na verdade, tenho certeza.
Secom – Já atuaram na CIJ dois homens e duas mulheres e a sra é a quinta. A escolha recai novamente em uma mulher. Haveria a possibilidade de a escolha em uma mulher novamente ser por que a mulher é mãe e tem uma visão diferenciada para a vida?
Desa Elizabete Anache – Sou a 5ª a ser designada, a 3ª mulher, mas não vinculo os resultados ao gênero. Pelo que tenho visto, o trabalho dos magistrados na infância e juventude é tão promissor, tão bem desenvolvido em MS - pelas experiências divulgadas – que independe do gênero. Vejo trabalhos fantásticos em que o juiz é quem, está à frente; juiz com essa sensibilidade, esse viés de olhar para a causa da criança e dos adolescentes, com percepção e empatia, assim como as mulheres fazem.
Secom – Qual sua visão da área da infância e juventude no Estado e no Brasil?
Desa Elizabete Anache – Na área da justiça protetiva, que seria a área cível, realmente se percebe que existem muitas situações de crianças desassistidas; crianças que não estão em famílias bem estruturadas e, às vezes, precisam ser colocadas em famílias substitutas. O Estado tem que dar esse atendimento, na forma mais rápida possível, para não permitir que as filas de adoção se avolumem; para dar abrigos dignos, pois a criança já está em situação de vulnerabilidade e precisa ter um conforto mínimo, apoio, enfim, acho que nesse aspecto temos muito ainda a fazer.
Na área infracional, a conjuntura é seriíssima. A situação exige políticas públicas imediatas. Temos que tentar fazer um trabalho ainda mais intenso junto aos adolescentes apreendidos nas Uneis. Precisamos reverter o quadro da violência. Temos hoje muitos processos, muitas representações de adolescentes praticando atos infracionais gravíssimos, que nos impactam e chocam a sociedade. Precisamos apurar de onde vem esse adolescente, quais são as causas da agressividade, da violência, e o que é possível ser feito para reinseri-lo em um convívio que permita que ele tenha um futuro diferente. E o Poder Judiciário está aí justamente para cumprir seu papel.
Secom – O que se pode esperar da Desa Elizabete Anache como Coordenadora da Infância e Juventude de MS?
Desa Elizabete Anache - Contem com meu empenho, com a minha responsabilidade e o meu amor pela causa da infância e da juventude. Estamos juntos e precisamos fazer algo diferente, precisamos de união por esse movimento, enfim, o resultado tem que ser melhor. Precisamos de um mundo mais sensato para nossa infância e adolescência.