Diretoria da Mulher Magistrada inicia ações
Para valorizar a mulher magistrada de Mato Grosso do Sul, no Dia Internacional da Mulher a associação criou a Diretoria da Mulher Magistrada e convidou a desembargadora aposentada Maria Isabel de Matos Rocha para comandar a pasta.
O plano de trabalho da nova diretoria prevê atividades para o biênio 2019/2020 e hoje lança sua primeira ação, inspirada em propostas desenvolvidas em outros estados como Piauí e Rondônia, assim como na Ajufe, mas inserindo relevantes adaptações.
Esta primeira ação, "EU, JUÍZA", dá o tom do objetivo essencial da Diretoria da Mulher Magistrada: conhecer, valorizar e homenagear cada mulher magistrada e sua história/trajetória no Poder Judiciário de MS.
Apresentamos hoje "EU, ELLEN XANDU, JUÍZA", homenageando a primeira juíza a responder a entrevista. Em apenas 10 minutos, ela mostrou uma característica de sua postura na judicatura: a celeridade. Conheça a magistrada.
Ellen Priscile Xandu Kaster Franco
1) Qual a data de seu ingresso na magistratura de MS?
18/01/2006.
2) Está em exercício ou já se aposentou?
Em exercício, titular da 1ª Vara Cível de Nova Andradina.
3) Como foi sua posse (quem estava junto, quantos colegas de concurso)?
Tomamos posse na magistratura de MS eu e mais seis colegas. Éramos um grupo de sete, e que fez história, porque foi o concurso que mais aprovou mulheres no TJMS: cinco mulheres e dois homens. Compareceram à minha posse meus pais, filha e ex-marido.
4) Como foi seu primeiro dia de juíza (qual a comarca, quem estava junto, o que fez nesse dia, fez discurso)?
Meu primeiro dia foi em Campo Grande, no curso de formação. Depois de quatro meses de curso, iniciei a judicar em uma das varas de Campo Grande. Não teve discurso, teve muito trabalho! Como substituta, fui designada a judicar em Dourados, no interior. Não teve discurso em nenhum momento de minhas posses pelas comarcas e varas por onde passei.
5) Qual foi seu dia mais feliz de magistrada (numa frase)?
Ter tido meu trabalho reconhecido pela Corregedoria-Geral de Justiça no ano de 2018, e poder deferir o mesmo reconhecimento à minha fabulosa equipe.
6) Qual foi sua ação mais significativa ou a decisão mais marcante, da qual se orgulha?
Não tenho um momento específico de “glória”. Felicito-me diariamente no contato com minha equipe, com quem criei laços muito fortes, com os advogados e jurisdicionados, bem como por cumprir minhas metas diárias de trabalho.
7) O que mais a comoveu na atuação como juíza (em uma frase)?
Uma audiência em que a filha pedia alimentos ao pai, que os pagava regularmente. Vi que havia algo diferente naquele processo. Em audiência, descobri que a filha queria, em verdade, conhecer pessoalmente o pai, que nunca a havia procurado anteriormente... ela estava linda, de vestido e laço na cabeça. O pai não se fez presente ao ato. Foi de cortar o coração.
8) Qual seu sonho de magistrada (em uma frase)?
Poder ser instrumento efetivo de pacificação. Não só técnica e juridicamente, mas que eu tenha diariamente a sensibilidade de saber lidar com as pessoas que julgo e lido, compreendendo-as e aprendendo com elas. E que esse aprendizado de uma vida seja motivo de orgulho aos meus filhos quando eu não mais estiver por aqui.
9) O que gosta de fazer no tempo livre (em três palavras)?
Viajar, conhecer, desbravar.
10) Qual seu desafio pessoal e/ou profissional mais relevante (em uma frase)?
Ter voz em um ambiente hoje praticamente dominado pelo masculino.
11) Cite uma mulher inspiradora, brasileira ou não.
Minha mãe.
12) Cite uma mulher inspiradora que exerce ou exerceu um cargo no Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo do Brasil, em qualquer esfera(municipal, estadual ou federal).
Desembargadora Joeci Machado Camargo/TJPR.
13) O que diria hoje numa frase a uma mulher que quer ser juíza?
Tenha coragem de libertar-se e deixar florescer todo o potencial que existe dentro de você!
14) Diga uma frase que a define como mulher magistrada.
“Nós todos não podemos ser bem-sucedidos quando metade de nós é retida” (Malala Yousafzai, ativista paquistanesa).