“Eu, Juíza” apresenta uma magistrada de Três Lagoas
Nesta edição, apresentamos "EU, Emirene, JUÍZA, uma continuação da ação desencadeada pela Diretoria da Mulher da AMAMSUL.
Com um trabalho conhecido pela sociedade três-lagoense, a juíza tem um trabalho consolidado a busca da pacificação social. Conheça a magistrada.
Emirene Moreira de Souza Alves
1) Qual a data de seu ingresso na magistratura ?
Em 18/01/2006.
2) Está em exercício ou já se aposentou?
Estou em exercício, como titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Três Lagoas.
3) Como foi sua posse?
Éramos uma turma de sete aprovados, sendo cinco mulheres. Fato marcante e histórico, por ser o único concurso da magistratura deste Estado que ingressaram mais mulheres. Por ser natural do Estado e ex-servidora do Judiciário local, foram ao evento muitos convidados, dentre eles, meus ex-colegas de trabalho (funcionários do Fórum de Campo Grande e de Três Lagoas), juízes, promotores, defensores, amigos e, especialmente, familiares.
Destaco, nesse dia, a presença de meu querido e saudoso pai que, muito doente à época, estava internado em tratamento de uma doença muito grave, teve uma sensível e surpreendente melhora na véspera da posse, recebendo alta para assistir ao evento. Na posse, ele demonstrava uma alegria e realização imensuráveis, por presenciar a posse de uma filha na magistratura, o que, para ele, era mais que um orgulho, um sonho realizado. Infelizmente, menos de um mês depois, ele se foi, deixando uma eterna saudade. Restou-me o consolo de ter proporcionado tal alegria a ele. A posse foi um dia muito especial para mim, de uma alegria incomparável.
4) Como foi seu primeiro dia de juíza?
O primeiro dia de trabalho foi o posterior a posse, no Curso de Formação, junto aos seis colegas aprovados, em Campo Grande. Após a conclusão do curso, fiquei mais quase dois meses auxiliando as varas de Campo Grande. Posteriormente, como juíza substituta, fui designada para a comarca de Bandeirantes. Não teve discurso por ocasião da chegada, assim como não houve nas demais comarcas seguintes. Em todos os locais, tomei posse e iniciei os trabalhos.
5) Qual foi seu dia mais feliz de magistrada?
Foi o dia em que, conduzindo uma audiência em um processo onde se discutia questões no contexto familiar, consegui que as partes litigantes chegassem a um acordo, acordo este que foi além dos limites do processo, já que, os envolvidos, no caso, pais e filha, reataram, na minha frente, o convívio e os laços familiares que há muito estavam rompidos, os quais, inclusive, emocionaram-se, vindo às lágrimas no meio da audiência. Foi, de fato, algo comovente e inspirador a todos que estavam envolvidos naquele ato processual.
6) Qual foi sua ação mais significativa ou decisão mais marcante da qual se orgulha?
Não me recordo de uma ação ou decisão específica que, de modo isolado, seja passível de nota. Entretanto, durante estes longos anos de exercício da magistratura, o que mais me orgulha e motiva é poder colaborar, por meio do munus que a mim foi atribuído pelo Estado, na pacificação social e na solução dos conflitos que assolam a nossa sociedade.
7) O que mais a comoveu na atuação como juíza ?
Não há uma situação específica ou isolada. Em uma alusão exemplificativa, os processos que conduzimos são como um filho ou uma semente que você cuida, protege e zela por seu sucesso e acerto e, nessa caminhada, o exercício da magistratura te possibilita, além de toda realização profissional, o seu próprio aprimoramento enquanto ser humano, dadas as várias relações interpessoais que são expostas, e que, norteadas por leis e princípios jurídicos, precisam ser solucionadas da melhor forma possível.
8) Qual seu sonho de magistrada?
Ter uma resposta positiva em relação à prática da nossa atividade enquanto juízes, ou seja, que mais do que decisões prolatadas, estas, de qualquer forma, possam contribuir para a diminuição da criminalidade, das injustiças sociais e da “cultura” do litígio que cada vez mais assolam a nossa sociedade.
9) O que gosta de fazer no tempo livre?
Ser mãe e viajar.
10) Qual seu desafio pessoal e/ou profissional mais relevante?
Profissionalmente, é tentar sempre dar uma resposta mais rápida às partes nos processos ajuizados, haja vista que tenho consciência de que mais que páginas digitadas, há ali vidas, pessoas e interesses em jogo, que necessitam de uma pronta resposta. É o que tenho tentado praticar diuturnamente.
11) Cite uma mulher inspiradora, brasileira ou não.
Minha mãe.
12) Cite uma mulher inspiradora que exerce ou exerceu um cargo no Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo do Brasil, em qualquer esfera (municipal, estadual ou federal).
Desa. Maria Isabel.
13) O que diria hoje numa frase a uma mulher que quer ser juíza?
Penso que, como qualquer função que envolva vidas e pessoas, o exercício da magistratura deve ser praticado com cautela, bom senso, humildade e, sobretudo, como instrumento da promoção do bem estar social, nisso compreendido o compromisso ético do Juiz com a cidadania.
14) Diga uma frase que a define como mulher magistrada
“Não basta fazer coisas boas – é preciso fazê-las bem” (Santo Agostinho)