Desembargadora conta sua biografia no "Eu,Juíza"
A primeira edição de junho do "EU, JUÍZA”, uma ação desencadeada pela Diretoria da Mulher da AMAMSUL, apresenta uma magistrada que judica em segundo grau, é extremamente respeitada por seus posicionamentos firmes, admirada pela simplicidade e tem grande apreço pela área da infância e juventude.
Conheça a magistrada.
Elizabete Anache
1) Qual a data de seu ingresso na magistratura?
1º de fevereiro de 1994.
2) Está em exercício ou já se aposentou?
Em exercício.
3) Como foi sua posse?
Fomos sete aprovados no concurso: Ricardo Galbiatti, eu, José Couto Vieira Pontes, Alexandre Pucci, Elisabeth Rosa Baish, José Henrique Neiva de Carvalho e Fernando Paes de Campos. A posse solene foi muito bonita, quem a presidiu foi o Des. Nelson Mendes Fontoura, figura ímpar do nosso Tribunal. Auditório lotado por familiares e amigos. Usei um vestido de renda guipir, confeccionado por uma pessoa especial: a minha mãe.
4) Como foi seu primeiro dia de juíza?
Fui designada para atuar como substituta junto à 9ª Vara Cível da Capital, que tinha como titular, à época, o Des. João Maria Lós, que me recebeu de forma muito afetuosa e generosa.
5) Qual foi seu dia mais feliz de magistrada?
Na verdade, a magistratura só tem me dado alegrias na vida (as tristezas passam tão rápido que delas já não me lembro).
6) Qual foi sua ação mais significativa ou decisão mais marcante da qual se orgulha?
Impossível lembrar apenas um fato. Em Bataguassu, proferi sentença na primeira ação civil pública em que se discutiam os danos ambientais decorrentes da construção da Usina Hidrelétrica Sergio Motta, em Porto Primavera, matéria que até hoje é objeto de acaloradas discussões.
Em Bela Vista, ia ao cartório todo final de tarde despachar as petições no mesmo dia do protocolo; os advogados já sabiam do costume e aproveitavam a ocasião para conversar sobre suas pendências e processos ou tirar dúvidas. Tudo muito simples.
Em Aquidauana, lembro com muita alegria da mobilização da comunidade pela construção do presídio semiaberto; a sociedade se sensibilizou com a questão em uma reunião que fiz com as lideranças locais e, a partir de então, houve uma comunhão de esforços para a realização da obra.
Em Campo Grande, fiquei muito realizada pelo período que atuei na 1ª Vara de Família (cerca de 9 anos), mas as audiências domiciliares com os interditandos acamados eram muito marcantes.
7) O que mais a comoveu na atuação como juíza?
Crianças acolhidas.
8) Qual seu sonho de magistrada?
Ser mais célere.
9) O que gosta de fazer no tempo livre?
Ficar com a minha família.
10) Qual seu desafio pessoal e/ou profissional mais relevante?
Distribuir melhor o meu tempo entre a vida pessoal e a carreira profissional.
11) Cite uma mulher inspiradora, brasileira ou não.
São tantas, mas vou citar apenas três. Malala Yousafzai, Michelle Obama, Angela Merkel.
12) Cite uma mulher inspiradora que exerce ou exerceu um cargo no Poder Judiciário, Executivo ou Legislativo do Brasil, em qualquer esfera (municipal, estadual ou federal).
Ministra Ellen Gracie.
13) O que diria hoje a uma mulher que quer ser juíza?
Estude muito e não desista.
14) Diga uma frase que a define como mulher magistrada
"Passarei por este caminho somente uma vez, portanto, todo o bem que eu puder fazer, devo fazê-lo agora. Não devo adiá-lo nem negligenciá-lo, pois não passarei por este caminho novamente". (Provérbio oriental que utilizei no meu discurso de posse no TJMS, em janeiro/19)