Juízes comemoram 13 anos de ingresso na magistratura
O dia 13 de dezembro de 2017 tem um significado especial para sete integrantes da magistratura sul-mato-grossense, pois completam 13 anos de carreira. Em solenidade realizada no plenário do TJMS, em 2004, foram empossados Eduardo Eugênio Siravegna Jr., Helena Alice Machado Coelho, Janine Rodrigues de Oliveira, Eduardo Floriano Almeida, Fernando Chemin Cury, Robson Celeste Candelório e Fábio Henrique Calazans Ramos.
Os sete foram aprovados no XXV Concurso Público para Ingresso na Magistratura de Carreira do Estado, em que foram oferecidas 10 vagas e 842 candidatos inscreveram-se para tentar ingressar na magistratura. Naquela época, a chegada dos novos juízes apontou uma nova tendência no Judiciário sul-mato-grossense: renovação.
Treze anos depois, será que algum deles se arrependeu da escolha da carreira? A juíza Helena Alice garante que não. “Nunca me arrependi da minha escolha. Mesmo com os contratempos naturais da vida, sempre me realizei com minha profissão”.
Outro a estar certo da escolha feita há mais de uma década é o juiz Eduardo Eugênio, que reconhece ter ultrapassado algumas obstáculos. “ Durante esses 13 anos na magistratura certamente passei por algumas dificuldades, sobretudo no início da carreira, quando falta experiência e sobram desafios, mas em nenhum momento me arrependi de ter escolhido essa carreira. Hoje, profissionalmente, me sinto plenamente realizado e feliz com minha escolha”.
O juiz Fernando Cury, que responde pela presidência da Associação dos Magistrados de MS (AMAMSUL) lembra que nesses 13 anos de magistratura os aprendizados, as experiências, as angústias, mas sobretudo as satisfações, foram muitas.
“Apesar das privações e abdicações, no final vale muito a pena! Nessa jornada acabei sendo escolhido pelos colegas para representar a nossa magistratura, o que é motivo de muito orgulho para qualquer um e sou muito grato a todos. Um desafio e tanto, mas que faço com extremo compromisso, vigor e responsabilidade, porque não só a vida funcional de cada magistrado está sob nossos cuidados, mas também o futuro, a força e a independência da magistratura!”, afirmou.
Todos esses juízes judicam em comarcas do interior – seja em comarcas de segunda entrância, seja em comarca de entrância especial. Como será judicar em comarcas onde a população enxerga o magistrado como autoridade, onde a voz da magistratura é mais ouvida?
Para Helena Alice, judicar no interior é bastante gratificante. “As pessoas, de um modo geral, depositam muitas expectativas na atuação do juiz e acompanham de perto nossa atuação”. O mesmo posicionamento tem Fernando Cury. “Judicar em cidades pequenas, com população carente, e ao mesmo tempo carismática e acolhedora, nos faz sentir e enxergar os resultados de nosso trabalho. Sempre tive muita interação com a comunidade local e até hoje mantenho vínculos de amizade em todas as comarcas por onde passei”.
No entender de Eduardo Eugênio, o exercício da judicatura é sempre difícil e no interior, em alguns aspectos, as dificuldades aumentam. Nessas circunstâncias, para ele, sobretudo no início da carreira, o juiz não tem a companhia de outros colegas para trocar experiências e dividir a responsabilidade de conduzir uma comarca. No interior o juiz ainda vivencia a situação de ter suas condutas profissional e pessoal observadas por toda a sociedade.
“Por outro lado, há também aspectos positivos a se ponderar. É durante esta fase que fazemos amizades duradouras com pessoas de outras carreiras e instituições. O juiz, na minha opinião, deve buscar se relacionar com a comunidade, conhecer as características e costumes locais, porque certamente essa experiência lhe proporcionará facilidades no trabalho e engrandecimento pessoal, sempre preservando, entretanto, a dignidade do cargo de ocupa”.
Mesmo com tantas dificuldades, a carreira da magistratura ainda é uma das mais almejadas pelos bachareis de Direito. O que dizer a quem deseja ser integrante da magistratura? “Uma experiência incrível que me faz levantar todos os dias com a mesma garra e vontade de ajudar cada colega que necessite. Que tenhamos força, saúde e galhardia nesse ano vindouro para manter a magistratura de MS e o Poder Judiciário em nível de excelência no cenário nacional”, posicionou-se Fernando.
“Eu diria a quem quer ingressar na magistratura ou em qualquer outra carreira que não faça sua escolha pensando apenas em retorno financeiro. A magistratura é uma carreira linda, gratificante, mas é também um sacerdócio. Muitas privações e recompensas”, afiançou Helena.
“Ingressar, nos dias de hoje, na carreira da magistratura é um desafio muito grande. As cobranças, responsabilidades e desgaste são imensos. É evidente que a remuneração e estabilidade são fatores relevantíssimos, principalmente se considerarmos a realidade socioeconômica de nosso país, contudo, estes fatores ao longo dos anos acabam ficando em um plano secundário quando confrontados com as renúncias e dificuldades pela quais o juiz passa. Por isso, aquele que pensa em ingressar na magistratura deve sopesar todas estas circunstâncias e, acima de tudo, ser vocacionado para carreira, principalmente porque passará muitos anos de sua vida em pequenas cidades do interior do Estado”, afirmou Eduardo.
Ao concluir, Siravegna ressaltou a quem está interessado em tornar-se juiz. “Nesses 13 anos de magistratura passei por dissabores, isso é inegável. Nesse aspecto, algumas vezes tive que lidar com a frustração de não conseguir dar efetividade às minhas decisões. Por outro lado, com toda certeza os momentos gratificantes foram infinitamente superiores. É indescritível, por exemplo, a emoção de uma pessoa que recebe, em audiência, uma sentença favorável de adoção. Enfim, as experiências vivenciadas no dia-a-dia são muito enriquecedoras e isso me fez crescer pessoal e profissionalmente. Costumo dizer para os alunos da Escola Superior da Magistratura (ESMAGIS) que a carreira da magistratura é muito gratificante quando encarada com seriedade, dedicação e amor. Isso é que deve nortear a decisão de quem pensa em ser juiz”.