Ações de juiz aproximam justiça da comunidade
Ele é formado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), foi prefeito do município paranaense de
Cornélio Procópio, de 1989 a 1992. Foi deputado estadual no Paraná de 1995 a 1998, e exerceu a advocacia naquele estado de 1999 até 2004. O nome é Eduardo Lacerda Trevisan, integrante da magistratura sul-mato-grossense e juiz titular na Comarca de Iguatemi.
Findo o período como deputado, ele estudou para concurso. Disciplinado, dedicava de seis a sete horas diárias. Não foi preciso muito tempo porque em agosto de 2006, foi aprovado no XXVII concurso público para ingresso na magistratura de MS.
Trevisan foi aprovado nos concursos para a magistratura de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e optou pela jurisdição sul-mato-grossense. Questionado sobre sua escolha, ele explicou: “Optei pela magistratura do MS pelas boas informações que recebi dos colegas Olivar Coneglian, Roberto Ferreira Filho e Ana Carolina Farah Borges da Silva, que são paranaenses como eu e já eram da magistratura do MS”.
Depois de alguns anos atuando como político, Eduardo conta por que resolveu dar outro direcionamento a sua vida: “Deixei a vida pública porque me frustrei muito com a atividade parlamentar quando fui deputado. Não gostei de ser deputado e não gostei do ambiente da Assembleia Legislativa do Paraná. Por isso decidi deixar a vida pública”.
Ele não comenta muito, mas ao começar na magistratura, sofreu barreiras e venceu preconceitos. “Senti que no início havia uma certa preocupação pelo fato de eu ter sido político por dois mandatos. No concurso, os próprios desembargadores me questionaram muito sobre isso. Achavam curioso que alguém que já tenha sido prefeito e deputado quisesse ser juiz de direito. Na verdade, ser juiz era um sonho que eu acalentava desde a faculdade. Depois de deixar a vida pública, passei a advogar e retomei este sonho antigo. Sinto-me realizado como juiz de direito”.
Ações - Trevisan é atuante na comarca e não gosta de ficar apenas no gabinete. “Creio que além do trabalho rotineiro de despachos e sentenças, já fizemos ações de repercussão social. Uma delas foi o projeto “Índio-cidadão total”, pelo qual estamos fazendo o registro civil de todos os indígenas que habitam nas aldeias existentes na comarca. Estamos assim acabando com o subregistro. Além disso, estamos realizando casamentos coletivos entre os indígenas, regularizando a situação destes casais. As cerimônias são feitas nas próprias aldeias”, conta ele.
Outra ação interessante adotada pelo juiz foi o projeto de interiorização da comarca, pelo qual regularmente são feitas audiências em Tacuru, cidade que pertence à comarca, aproximando a justiça do cidadão.
E quem acha que é só isso se engana. Recentemente, o juiz teve participação relevante no fim de uma longa greve de servidores públicos municipais. “A greve já se alongava por mais de 45 dias e havia uma ação que buscava a declaração de ilegalidade da greve, o que não foi acolhido. Fizemos uma longa audiência no Fórum, com a presença de todos os servidores municipais, o prefeito, assessores etc, e depois de um longo embate, apelando para o bom senso de todos os envolvidos, a greve terminou neste mesmo dia. Foi uma grande satisfação para todos, principalmente para nós do Judiciário, que vimos nosso Poder participar da solução de algo que era do extremo interesse da sociedade. Creio que isso fez com que a imagem do Poder Judiciário melhorasse bastante na comarca”, comemora.
Aprovado em concurso de promoção para comarca de segunda entrância, Eduardo confessa: é feliz e realizado profissionalmente. “Estou na magistratura sul-mato-grossense há cinco anos e hoje vejo que não poderia ter feito melhor escolha. Temos uma boa magistratura, embora muito precise ser feito. Apesar disso, muito já foi realizado e hoje estamos entre as melhores do Brasil. Sei que serei juiz de direito até o fim da vida. Estou contente com isso”.