Magistrados completam 41 anos distribuindo justiça
Neste sábado, 30 de abril, os aprovados no III Concurso para o cargo de Juiz de Direito do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul completam 41 anos de judicatura. Assim, a AMAMSUL parabeniza os magistrados e associados Sideni Soncini Pimentel, João Maria Lós, Divoncir Schreiner Maran, Hildebrando Coelho Neto, Jorge Augusto Bertin, Paulo Alfeu Puccinelli, Hermenegildo Vieira da Silva, Roberto Iser e Adão Alves Teixeira. Desses apenas os desembargadores João Maria, Divoncir e Sideni continuam na ativa.
E foi em tom saudoso que o Des. Sideni, atual vice-presidente do TJ, falou sobre o tempo na magistratura para os 12 recém empossados juízes substitutos na abertura do curso de formação. Durante o depoimento, Sideni apontou aos novos integrantes da magistratura sul-mato-grossense como ele, depois de mais de quatro décadas distribuindo justiça, acredita que deve ser a postura de um juiz nos dias atuais.
“Um juiz precisa ter capacidade de gestão, aptidão e prazer com o trabalho, não ter medo de decidir e ter disposição para atender partes e advogados. Em MS vocês têm fácil acesso à administração. O Tribunal de Justiça destaca-se pela praticidade, agilidade, informatização e vocês terão todo apoio necessário para uma judicatura de qualidade”, disse o vice-presidente.
O magistrado arrancou muitas risadas ao contar como iniciou a carreira em Porto Murtinho, no início da década de 1980. “Iniciei a carreira como juiz titular. Naquela época, Porto Murtinho era considerada a pior comarca do Estado e estava sem juiz há quatro anos. Ninguém queria ir para lá. O problema não era o trabalho, mas o local: divisa com o Paraguai, muito pernilongo, não havia telefone nem casa para alugar. Fiquei em uma casa cedida pelo Exército, com a família, vinda do interior de São Paulo. Judiquei lá seis meses e como desejava sair da comarca, pedi remoção para Coxim”, contou.
O desembargador falou sobre a atuação nas comarcas de Coxim, Aquidauana, Campo Grande e quando iniciou o trabalho em segundo grau. “Se compararmos como era antes e como está hoje a magistratura, vemos que a diferença é brutal. Era um estado novo, estrutura pequena, para onde todos queriam vir. E graças aos magistrados que deixaram MT e escolheram viver em MS, com uma mentalidade empreendedora e de gestão, conseguimos nos tornar um estado que se destaca na magistratura nacional”, afirmou.
Ao final, depois de discorrer sobre pontos que considerava importante na atuação de um juiz, Sideni foi firme. “Se vocês se sujeitaram a um concurso difícil como esse é porque têm vocação. Se eu tivesse que fazer tudo de novo, tivesse que escolher novamente uma carreira, mesmo tendo consciência das dificuldades que lamentavelmente enfrentamos, escolheria ser magistrado”, concluiu.
Questionado sobre o que dizer aos que defendem os direitos da população há mais de quatro décadas, o presidente da AMAMSUL, Giuliano Máximo Martins, lembrou que esses magistrados têm uma vida dedicada à magistratura. “É um sacerdócio, pois 41 anos é muito tempo. São pessoas que dedicaram suas vidas para servir ao Poder Judiciário. Eles têm o reconhecimento da associação e posso afirmar que temos orgulho em ter magistrados fortemente atuantes em favor da classe, que continuam na ativa e lutando por nós”.
Empossada no dia 27 de abril de 2022, a juíza substituta Izabella Assis Trad escolheu a magistratura como carreira pelo amor que tem pela justiça, pelo desejo de servir à sociedade e de realizar o direito, contribuindo para a pacificação dos conflitos e para o bem comum.
“O juiz de hoje não é apenas a ‘boca da lei’, mas, sobretudo, um agente de transformação social. Portanto, o magistrado, no exercício da jurisdição, sempre pautado pela
Constituição Federal, deve estar atento às demandas e necessidades da população, a fim de concretizar os direitos fundamentais e, assim, mitigar as mazelas sociais”.
A juíza Thielly Dias de Alencar Pithan, que ingressou na carreira em julho de 2017, conta que a escolha pela magistratura foi lastreada na vocação para judicar, pois no início da graduação tinha uma visão romantizada e idealista.
“Hoje, madura e com experiência, eu renovo a minha escolha diariamente e tenho a convicção de que o cargo de juiz deve ser ocupado somente por vocacionados. É uma belíssima carreira, mas bastante desafiadora e nos exige renúncias e uma boa dose de bom senso”, afirmou.
Saiba mais - O atual vice-presidente do TJMS ingressou na magistratura em Porto Murtinho, atuou em Coxim, Aquidauana e Cassilândia, antes de ser promovido para Campo Grande. Foi promovido ao cargo de desembargador em julho de 2008. Sideni presidiu a AMAMSUL no biênio 1995/96.
Para o Des. João Maria Lós, que atua em 2º grau desde junho de 1997, é uma alegria completar 41 anos de magistratura em Mato Grosso do Sul. Ele confessa que teve decepções, mas garante que tudo foi superado pelas alegrias e pela satisfação de servir à população.
Lós ingressou na magistratura em Miranda e também judicou em Corumbá antes de ser promovido para Campo Grande. Foi presidente da AMAMSUL no biênio 1987/88. Presidiu o TJMS. Foi diretor do Foro das comarcas onde passou e também juiz eleitoral. “Nada supera a alegria de encontrar pessoas das comunidades onde atuei e delas receber o carinho e a gratidão pelo trabalho realizado”.
O Des. Divoncir Schreiner Maran ingressou do TJMS em março de 2000. Fazendo um balanço desses mais de 40 anos na magistratura, ele se reconhece realizado. “Sou um otimista. Se percalços existiram e ainda existem são ínfimos no confronto com o que consegui fazer pela magistratura, e porque não dizer a este Estado que tão bem me acolheu. Sou um homem realizado, com a sensação do dever comprido, e assim continuarei a desempenhar minha nobre função”.
Divoncir ingressou na magistratura na comarca de Bonito, sendo promovido para Ponta Porã e Campo Grande. Foi diretor de Foro e o primeiro juiz eleitoral da 44ª ZE da Capital. Foi membro do TRE/MS e presidiu o Tribunal de Justiça. No biênio 1991/92, o magistrado foi presidente da AMAMSUL.