Des. Julizar Barbosa Trindade deixa a magistratura de MS
Ele completou 40 anos de magistratura em março de 2022 e nesta quarta-feira (19), o Des. Julizar Barbosa Trindade pediu a aposentadoria. Exemplo para muitos juízes que estão iniciando a carreira, ele deixa um legado de trabalho e honradez.
Para a presidente da AMAMSUL, juíza Mariel Cavalin dos Santos, a palavra serenidade conceitua a característica marcante do Des. Julizar. Ela acredita que ele é magistrado por vocação, destaca sua conduta lapidar e devotado à causa da justiça e lembra que sua história de vida se confunde com a do Poder Judiciário de MS, pois dedicou-se integralmente às funções assumidas no ano de 1982 até os dias atuais.
“A passagem para a inatividade profissional é momento de um recomeço em nova fase de vida: projetos originais, objetivos renovados, prioridades estabelecidas de forma diversa, enfim, o reinício com novos convites para trilhar. Desejo ao Des. Julizar que ao se aposentar se lance nos novos desafios, intensifique a convivência familiar, mas jamais se aposente das amizades cultivadas durante sua trajetória profissional”, disse ela.
Outro a admirar o magistrado é o ex-presidente da AMAMSUL, Giuliano Máximo Martins. Em seu entender, o Des. Julizar sempre foi um magistrado que transmitiu muita serenidade, seja em seus julgamentos seja na vida pessoal. Ele ouvia com atenção a todos e sempre manifestava suas opiniões de maneira pacífica e tranquila.
“Magistrado de carreira, viveu a magistratura com intensidade e seus julgados demonstram seu profundo conhecimento jurídico e experiência. Vai deixar saudades para nós magistrados. Ficam os melhores votos para essa nova fase de sua vida”, afirmou Giuliano.
Primeira mulher a responder pela direção do Foro da comarca da Capital, e já tendo sido vice-presidente da associação, a juíza Denize de Barros Dodero destacou a sorte e a honra do convívio com o magistrado e frisa todo agradecimento e reconhecimento pela trajetória de tantos méritos. Na visão da juíza, sua dedicação e zelo profissional se confundem com a própria evolução do Poder Judiciário de MS.
“Magistrado digno, íntegro, técnico, sereno, equilibrado, continuamente pautou o senso de justiça com sua notória humanidade. Sua história impressiona não somente pelas qualidades intelectuais mas pela grandeza de seus princípios, virtudes e nobre caráter. Por seu legado imensurável, que é motivo de muito orgulho, desejamos que nesse novo tempo de aposentadoria, tão pleno de renovação, felicidade e paz, os laços de amizade com nossa magistratura sejam ainda mais fortalecidos. Para o querido Des. Julizar, nosso carinho. Até breve”, despediu-se.
O juiz Luiz Felipe Medeiros Vieira conhece o desembargador desde antes de ingressar na magistratura, quando era servidor do TJMS, e sua postura conciliatória, de homem calmo, que busca a justiça de maneira simples e eficaz foi o que mais o marcou nesses 20 anos em que tive conviveu com essa forma exemplar de trabalho.
No início da carreira, lembra Luiz Felipe, o magistrado demonstrou a grande qualidade de ser acessível, principalmente para os juízes mais novos e, com sua vasta experiência, compartilhava conhecimento com os recém empossados. Quando Luiz Felipe presidiu a Amamsul, o Des. Julizar era o Corregedor-Geral de Justiça - posição muito difícil, mas que desempenhou com muita sabedoria.
“No período em que foi corregedor sempre usou o diálogo. Qualquer situação que ensejasse a intervenção da corregedoria era resolvida numa conversa entre os juízes e ele, sem a necessidade de avançar para qualquer eventual procedimento. Ele é uma das grandes referências que tive na magistratura. Perde o TJ com sua aposentadoria, mas fica o legado para nós que estamos na carreira e para os que ainda virão. O Des. Julizar sempre demonstrou ser um magistrado sério, correto, acessível e com postura muito ética”, concluiu.
Janine Rodrigues de Oliveira Trindade, juíza e nora do magistrado, garante que o Des. Julizar, que ela conhece mesmo antes de entrar na carreira, é um grande exemplo.
“Além de pai, sogro e avô amoroso, sua responsabilidade, sua capacidade de trabalho e superação, sua empatia e sua humildade são cativantes. Sabe usar o apurado senso de humor para conforto e alegria de corações, principalmente naqueles momentos mais difíceis da vida. Enfim, o Poder Judiciário só tem a agradecer por ter podido contar com ele nas últimas quatro décadas. Uma marca em que as pessoas devem se espelhar fica cumprida”, relatou
Embora, o agora magistrado aposentado tenha ficado feliz com as palavras de carinho recebidas dos juízes, ele se emocionou com o depoimento do também aposentado Des. Jorge Eustácio da Silva Frias que, com voz serena e tranquila de quem detém o total conhecimento sobre o amigo, contou a história de união na magistratura e da amizade sincera surgida em 1981, quando ambos foram aprovados no I Concurso para Juiz Substituto de MS.
Segundo Des. Frias, os amigos e suas famílias passaram juntos bons momentos e compartilharam dificuldades e tristezas. A amizade revelou que ambos tinham muitas afinidades, mas tinham também divergências de pensamentos - o que é normal e, apesar disso, continuaram amigos porque souberam respeitar a individualidade de cada um e o ponto de vista um do outro.
“É triste ver que nesses dias de tamanha polarização, de pouca racionalidade, famílias, amigos, tenham rompido por questões religiosas, políticas. Nós não. Soubemos respeitar a individualidade uns dos outros. Com o tempo, nos mudamos para longe um do outro, os encontros entre as famílias começaram a rarear, as conversas diminuíram, mas a amizade persistiu”, esclareceu.
Para o Des. Frias, passados mais de 40 anos, o amigo Julizar continua sendo aquele que sempre foi: juiz incorruptível, honrado, operoso, justo, assíduo e leal, que examina cada processo seu, continua sendo de fino trato com as partes, advogados, testemunhas, servidores e colegas.
“Ele passou por vários cargos na magistratura, galgou os mais importantes degraus da carreira, realizou-se profissionalmente sem atropelar ninguém e deixa sua marca por onde passou. Vai deixar saudades no meio jurídico e nessa grande família que é a magistratura sul-mato-grossense. O Julizar agora desveste a toga e deixa-a pura - tão pura como quando a vestiu pela primeira vez no dia 18 de março de 1981. Sai honrado, sai reconhecido”, afirmou.