Juiz mobiliza comunidade para discutir a paz em casa
Em plena manhã de sábado (28), a juventude de Bandeirantes levantou cedo para participar de um evento que buscou da paz – a paz que começa em casa. E foi com este tema que o renomado advogado Ricardo Pereira falou para estudantes do 1º ao 9º ano e do ensino médio de escolas estaduais e municipais daquele município.
O juiz Vitor Zampieri, da comarca de Bandeirantes, explicou que o evento é também uma forma de buscar uma mudança na cultura. “Acredito que a melhor forma de se trabalhar a mudança de cultura é com os jovens, por isso, nós os convidamos para tratar do tema por meio de redações, desenhos e peças de teatro”.
Vitor comentou ainda que os índices de violência contra a mulher no Brasil são alarmantes e que palestras, trabalhos com os alunos, enfim, eventos como o realizado com a comunidade escolar podem parecer quase utópicos, contudo, ele crê em uma mudança de comportamento. “Nós do judiciário acreditamos que podemos fazer a diferença. E essa mudança se refere ao nosso comportamento em casa, começando com nossos familiares”, disse o juiz.
Assim, em uma palestra que prendeu a atenção de mais de 400 crianças, além de pais e autoridades, Ricardo chamou de covardes os homens que batem em mulheres, que usam a força e desprezam a razão; ressaltou que a importância de se participar de eventos dessa natureza está no fato de permitir ao jovem conhecer o futuro e melhorar o presente, diminuindo o número de agressões de modo geral e, de modo específico, a agressão voltada contra a mulher.
“Nunca nos esqueçamos que nascemos de uma mulher e, ainda assim, 70% da população brasileira têm consciência que a mulher sofre violência. Um futuro melhor passa pelo respeito e acredito que podemos ter uma sociedade mais fraterna e menos violenta; mais otimista e menos perversa. Falar para a juventude é plantar a semente do nosso futuro”.
Comparando números de pesquisas nacionais, o advogado apontou que a violência não é força, mas fraqueza; que ela nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora; que não existe nada mais desprezível do que a violência. “A mulher não tem como se sentir segura se, ao fechar a porta, tem um monstro dentro de casa. Usar a força é desprezar a razão, é partir para a brutalidade desenfreada, é esquecer o sentimento mais bonito, que é o amor”, acrescentou.
Ao final, Ricardo parabenizou Zampieri pela preocupação e ousadia em debater tema tão polêmico e cumprimentou os estudantes que encenaram peças teatrais, garantindo que deixava Bandeirantes melhor do que quando chegou.
“Vi os alunos cumprimentando o juiz, que os tratou como amigos. Exemplo que, acredito, aprendeu com o Des. Luiz Gonzaga Mendes Marques, de quem foi assessor. O fino trato e a gentileza são raros. Aos estudantes digo: vocês deveriam levar essas encenações para outros lugares porque retratam exatamente a realidade. Estou orgulhoso de fazer parte desse evento”, concluiu.
Durante a semana, os alunos do 1º ao 5º ano trabalharam o tema por meio de desenhos e os estudantes do 6º ao 9º ano participam com a confecção de redações. Os vencedores da competição literária receberam medalhas e placas após a palestra.
Fora premiados Maria Clara Barbosa Martins, do 9º ano da Escola Municipal José de Anchieta; Raquel Farias Rosa, do 3º ano da Escola Estadual João Ribeiro Guimarães. Pela melhor gravura do Ensino fundamental recebeu a medalha João Victor Timotheo Cardoso, do 5º ano da Escola Estadual Ernesto Solon Borges.
Além do juiz e do palestrante, prestigiaram o evento Márcio Faustino de Queiroz, prefeito Municipal; Antonio Fortunato, representando o Poder Legislativo Municipal; padre Laércio Chebelo.
Importante lembrar que a iniciativa faz parte da mobilização Paz – Nossa Justa Causa, liderada Supremo Tribunal Federal (STF), da qual participa o Tribunal de Justiça de MS, por meio de magistrados de primeiro e segundo graus, durante todo o mês de março.