Juízes promovidos são recepcionados na Capital
Nesta sexta-feira (4), juízes da Capital e desembargadores reuniram-se na Sala Campo Grande, no prédio do Fórum Heitor Medeiros, para recepcionar os juízes José de Andrade Neto e Jacqueline Machado, promovidos de Aquidauana e Nova Andradina, respectivamente.
José Andrade vai judicar na 12ª Vara Cível e Jacqueline, na 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, a primeira Vara de Medidas Protetivas no Brasil. Ambos receberam muitos cumprimentos e foram recepcionados pelo diretor do Foro da Capital, Aluizio Pereira dos Santos, e pelo presidente da AMAMSUL, Luiz Felipe Medeiros Vieira.
Aluizio lembrou que as portas de seu gabinete estão sempre abertas e que a vinda dos dois colegas para a Capital é muito importante. “Estaremos aqui para o que precisarem”.
Luiz Felipe ressaltou que visitou as duas comarcas do interior e pode ver o quanto ambos são queridos, não apenas pelos servidores, mas também pela sociedade. “Sejam bem-vindos e lembrem-se que a AMAMSUL é a casa de vocês!”
Contente com a receptividade, José Andrade explicou como é encarar os desafios na Capital. “Desde o início da carreira, almejava um dia poder voltar para minha casa. Sou nascido e criado em Campo Grande e meu sonho era poder estar perto da família e dos amigos. Depois de quase 14 anos de carreira, estou preparado para qualquer desafio e com muita vontade de trabalhar”.
Jacqueline atuou 15 anos no interior antes de chegar a Campo Grande. Ela confessou que não tinha intenção de vir para a Capital, mas está preparada para os desafios que vai encontrar aqui. “A gente assusta no início porque Campo Grande tem desafios bem maiores. No interior, a gente fica muito sozinha e julga todo tipo de processo, mas me sinto preparada”.
O que os dois trouxeram do interior será útil na jornada na Capital? Andrade conta que, quando se ingressa na carreira, o juiz tem um pouco de conhecimento técnico e basicamente nenhuma prática. “Passei por duas comarcas: Baitaiporã e Aquidauana. Pude conhecer a realidade do Poder Judiciário no interior, que em muito se assemelha à Capital. Conheci a realidade dos servidores, suas dificuldades e tive oportunidade de ganhar bagagem, experiência de vida. Experiência para olhar cada vida que está por tras de cada processo”, completou ele.
Dinâmica, a juíza acabou de chegar e já tem planos. “Gosto e já atuava nessa área há seis anos porque em Nova Andradina a vara abrangia família, violência contra a mulher e infância. Estou conhecendo a realidade do local, mas tenho alguns planos para colocar em prática e um deles é fazer trabalho preventivo, com palestras e base no calendário anual, para que não se perca o foco do trabalho preventivo que precisa ser feito e fica a cargo da Casa da Mulher Brasileira”, acrescenta.
Andrade Neto vai atuar na área cível e o novo CPC entra em vigor nos próximos dias. Seria ainda mais desafiador: lugar novo, regras novas? “O novo Código de Processo Civil traz grandes desafios, porém, o projeto tramitou por muitos anos e quem é da área cível vem acompanhando, lendo e estudando. Contudo, é um desafio duplo: nova comarca, novos processos com uma lei nova. Então, mais um motivo para renovar tudo: renovar as esperanças e a vontade”.
Campo Grande tem grande demanda na área de violência contra a mulher. Será que Jacqueline acredita ser possível reduzir a demanda em uma área tão delicada? “Acho que se trabalharmos a prevenção é possível sim uma redução na demanda. Tenho certeza disso. Podemos conseguir, porém há muito trabalho a ser feito e isso demanda tempo. Os resultados serão percebidos em longo prazo”.
Ao agradecer a presença dos magistrados na reunião de boas-vindas, José Andrade frisou: “Trago dos anos de carreira no interior, o mesmo sentimento que tinha quando iniciei na magistratura: muita vontade, sede de tentar fazer justiça. Tentarei resolver, o máximo possível, as questões dos que buscam o judiciário para ver seu problema resolvido, e não só que o processo seja encerrado. O ministro aposentado Cesar Asfor Rocha (STJ) dizia que cada processo hospeda uma vida. Eu venho com essa vontade de olhar a vida que está por traz de cada processo. A vontade é muito grande de acertar e distribuir justiça”, concluiu.
Na Semana pela Paz em Casa, Jacqueline deve participar de inúmeras atividades e conta o que aborda em palestras do tema. “Vamos ressaltar a necessidade de uma cultura de paz, de um ambiente livre de violência doméstica, seja contra a mulher, contra a criança ou contra o próprio homem. Porque o ambiente doméstico tem que ser livre de violência. Hoje, a violência das ruas não está entrando nas nossas casas, mas está saindo delas. Temos que combater qualquer tipo de violência dentro de casa, evitando que vá para as ruas”.
Apenas alguns dias depois de chegar a Campo Grande, a juíza foi convidada para ser juíza auxiliar da Coordenadoria da Infância e da Juventude de MS (CIJ). Seria este mais um desafio? “Fiz um grande trabalho na área da infância em Nova Andradina porque amo a infância. Fui convidada para fazer parte da CIJ e aceitei porque adoro a área e vou tentar corresponder. Já estou até pensando em alguns projetos também”, brinca ela.