Juízes completam 15 anos de ingresso na magistratura
O dia 29 de março de 2016 é especial para os juízes Jacqueline Machado, Simone Nakamatsu, Márcio Rogério Alves e Rubens Witzel Filho. Os quatro completam 15 anos de ingresso na magistratura sul-mato-grossense.
Daquele tempo não se tem muitas informações sobre o conteúdo dos discursos, apenas algumas fotos antigas que registraram para sempre o início da carreira desses juízes. E 15 anos depois, é hora de fazer um balanço.
Jacqueline admite: é muito feliz por ter escolhido a magistratura, onde descobriu sua verdadeira vocação. Antes de ser aprovada no XXII concurso, ela advogou por oito anos e esta experiência permite que ela responda sem titubear.
Sobre o que mais a emocionou, a juíza conta: “Nesses anos, o que mais me emocionou foi atuar na área da infância e juventude. Nós últimos anos, na comarca de Nova Andradina, foram feitas 85 adoções, a maioria delas adoções tardias e interraciais, o que me possibilitou sentir a importância deste trabalho que resgata pequenas vidas. São crianças machucadas física e emocionalmente e que vislumbram a possibilidade da mudança, de uma nova vida. Isso foi tão forte que motivou a mim, meu esposo e minha filha Júlia a também optar por aumentar a família por meio da adoção, mesmo havendo a possibilidade de gerar filhos biológicos”.
Simone Nakamatsu é outra a garantir que nunca se arrependeu. “A magistratura é uma doação de grande parte da nossa vida. Dedicação quase exclusiva à carreira, mas há o retorno quando ajudamos a salvar uma vida, a resgatar um adolescente das drogas. Desde o dia da posse, alcancei o que buscava: judicar. As demais promoções são percursos necessários na carreira”.
Rubens Witzel Filho compartilha o mesmo sentimento de realização. “Depois de 15 anos de magistratura, mantenho-me firme, ainda disposto e determinado a cumprir minhas funções. Pronto a renovar meu juramento de fazer cumprir a constituição e as leis”.
Márcio Rogério Alves também não escolheria outra carreira, apesar dos obstáculos e das dificuldades que a magistratura enfrenta. “Estou fazendo 25 anos de Poder Judiciário. A paixão pelo direito é grande e motivo de muita alegria é poder atualmente compartilhar com outros colegas, inclusive do meu concurso, a participação no mestrado da Ejud, em convênio com a universidade da Espanha”.
Será que ser juiz é viver como se acreditava nos tempos de estudante? Jacqueline conta que não imaginava como seria ser juíza e lembra que foram muitas situações inesperadas e de aprendizado nestes 15 anos. “O que posso dizer é que é uma tarefa árdua que exige muita dedicação. A mudança é sempre possível, mas acho que jamais escolheria outra carreira”.
Antes de ser investido, Rubens foi advogado por três anos e assessor de desembargador no estado de São Paulo. Ele já conhecia as agruras da função. “Porém, com o risco de soar piegas, nunca se me afigurou difícil o papel de julgador. Talvez fossem as questões burocráticas/administrativas que mais me afligiam”.
Para ingressar na magistratura é necessário muito estudo. “Estudei durante um ano e quatro meses, enquanto cursava a Escola da Magistratura do RS à noite e trabalhava durante o dia em um escritório de advocacia”, explica Jacqueline.
Márcio dedicou-se sete anos após se formar até ser aprovado e, nesse período, aproveitou para fazer pós graduação. Se pudesse dizer algo aos candidatos a mesma carreira, ele citaria Eclesiástico, como fez no discurso de posse: "Não procure o cargo de juiz se não é capaz de extirpar a injustiça, temendo influenciar-se por um grande, com risco de perder teu direito”.
Simone Nakamatsu passou dois anos estudando e trabalhando, antes de ingressar na magistratura. No primeiro ano ela trabalhou como assessora do então juiz Sideni Soncini Pimentel (hoje desembargador) e depois, ficou um ano no Ministério Público Federal.
Para ser aprovado no concurso, Rubens Witzel Filho estudou 18 meses. Iniciou com algo em torno de três horas diárias. Nos últimos seis meses, estudava em média sete horas por dia, divididos em dois períodos, e frequentava aulas de um curso preparatório para concursos. “Hoje não me imagino exercendo outra profissão. Continuo motivado e, nos momentos de dificuldade, lembro de Confúncio: Dedique-se a uma profissão que ame e nunca trabalhará nenhum dia em sua vida".
Lotação – Quinze anos depois da posse, Jacqueline Machado é titular da 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, na Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande. Ela responde pela primeira Vara de Medidas Protetivas do Brasil.
Simone Nakamatsu também judica na Capital e é titular da 1ª Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher. Rubens Witzel Filho e Márcio Rogério Alves também atuam em comarcas de entrância especial. O primeiro judica na 1ª Vara Criminal de Dourados e o segundo na 4ª Vara Cível de Três Lagoas.